12/06/2009 - 08h57
Ator Daniel de Oliveira faz périplo religioso para filme
FERNANDA EZABELLAColaboração para a Folha de S.Paulo
Sonhos com exu, cerimônia do daime, visitas a pajés. E, alguns galos mortos mais tarde, nasceu Santinho, ou melhor, Daniel de Oliveira achou o tom de seu personagem messiânico, o mais intenso de sua carreira.
O ator mineiro de 31 anos encarna em "A Festa da Menina Morta" (veja o trailer) um garoto adorado e temido pela pequena comunidade ribeirinha de Barcelos, a 400 km de Manaus. Ele faz Santinho, líder de um grupo religioso, formado após o aparecimento de um vestido rasgado de uma menina desaparecida.
A preparação para o longa durou alguns meses entre 2006 e 2007, incluindo ensaios no apartamento do diretor Matheus Nachtergaele no Rio e quatro semanas de aclimatação na cidade amazônica. Exercícios de butô e longas improvisações faziam parte do dia a dia do elenco, que tem também Cassia Kiss e Jackson Antunes.
"Teve uma improvisação, por exemplo, de quase cinco horas, dentro da casa-santuário do Santinho", lembra Daniel à Folha. "Ficamos tão tomados com aquilo que ninguém queria sair dos personagens depois."
Daniel, que ficou famoso no papel de Cazuza no cinema, também fez uma espécie de périplo religioso para entrar no personagem. Foi a curandeiras e fez até um trabalho com galos a pedido de um pai-de-santo.
"Foi um trabalho meio louco, até com matança [de galos], que eu não sou muito chegado, mas fiz por causa [da preparação] do filme", conta. "Essa época foi intensa, sonhava muito."
Daniel ainda se submeteu ao "sacrifício" de depilar as pernas, com ajuda da mulher, a atriz Vanessa Giácomo. "Isso foi o pior", diz, rindo. Também aprendeu a bordar e aparou as sobrancelhas, tudo para ajudar a fazer de Santinho um personagem extremamente feminino, que tem uma relação heterodoxa com o pai e vive paparicado pelas mulheres da região.
"Fui respeitando muito este personagem. Comprei uma briga pesada, não podia titubear [...] porque, se eu errasse, seria ridículo", diz. "Se errasse, acho que até desistiria de ser ator."
O filme se passa em dois dias, um para a preparação da festa dedicada à menina morta, a qual Santinho costuma "ouvir", e outro para a cerimônia em si.
No processo de benzer os moradores, Santinho entoa um cântico, bolado pelo próprio Daniel durante um sonho. "Eu só acordei, levantei e escrevi, veio com a melodia e tal."
Ator Daniel de Oliveira faz périplo religioso para filme
FERNANDA EZABELLAColaboração para a Folha de S.Paulo
Sonhos com exu, cerimônia do daime, visitas a pajés. E, alguns galos mortos mais tarde, nasceu Santinho, ou melhor, Daniel de Oliveira achou o tom de seu personagem messiânico, o mais intenso de sua carreira.
O ator mineiro de 31 anos encarna em "A Festa da Menina Morta" (veja o trailer) um garoto adorado e temido pela pequena comunidade ribeirinha de Barcelos, a 400 km de Manaus. Ele faz Santinho, líder de um grupo religioso, formado após o aparecimento de um vestido rasgado de uma menina desaparecida.
A preparação para o longa durou alguns meses entre 2006 e 2007, incluindo ensaios no apartamento do diretor Matheus Nachtergaele no Rio e quatro semanas de aclimatação na cidade amazônica. Exercícios de butô e longas improvisações faziam parte do dia a dia do elenco, que tem também Cassia Kiss e Jackson Antunes.
"Teve uma improvisação, por exemplo, de quase cinco horas, dentro da casa-santuário do Santinho", lembra Daniel à Folha. "Ficamos tão tomados com aquilo que ninguém queria sair dos personagens depois."
Daniel, que ficou famoso no papel de Cazuza no cinema, também fez uma espécie de périplo religioso para entrar no personagem. Foi a curandeiras e fez até um trabalho com galos a pedido de um pai-de-santo.
"Foi um trabalho meio louco, até com matança [de galos], que eu não sou muito chegado, mas fiz por causa [da preparação] do filme", conta. "Essa época foi intensa, sonhava muito."
Daniel ainda se submeteu ao "sacrifício" de depilar as pernas, com ajuda da mulher, a atriz Vanessa Giácomo. "Isso foi o pior", diz, rindo. Também aprendeu a bordar e aparou as sobrancelhas, tudo para ajudar a fazer de Santinho um personagem extremamente feminino, que tem uma relação heterodoxa com o pai e vive paparicado pelas mulheres da região.
"Fui respeitando muito este personagem. Comprei uma briga pesada, não podia titubear [...] porque, se eu errasse, seria ridículo", diz. "Se errasse, acho que até desistiria de ser ator."
O filme se passa em dois dias, um para a preparação da festa dedicada à menina morta, a qual Santinho costuma "ouvir", e outro para a cerimônia em si.
No processo de benzer os moradores, Santinho entoa um cântico, bolado pelo próprio Daniel durante um sonho. "Eu só acordei, levantei e escrevi, veio com a melodia e tal."
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