Louise Cardoso volta à comédia com ‘Velha é a Mãe!’
Texto inédito e premiado de Fabio Porchat tem direção de João Fonseca
Ela acabou de fazer 70, mas isso é segredo de Estado. Horas de academia, algumas plásticas, aulas de boxe, natação e aplicações de botox ajudaram a manter sua aparência nos 50 e poucos anos. Por não aguentar tanta disposição, o marido a trocou por uma mulher, digamos, mais calma e a deixou à beira de um ataque de nervos. Responsável pela volta de Louise Cardoso à comédia depois de oito anos, esta tragicômica personagem é a estrela de ‘Velha é a Mãe’, texto inédito e premiado de Fábio Porchat, que estreou dia 15 de janeiro, no Teatro Sesi, com direção de João Fonseca.
Ana Baird divide a cena com Louise e interpreta Alice, filha única do casamento que acaba de terminar. Ao visitar a mãe, em uma tentativa de consolo, ela mal consegue falar tamanho o descontrole emocional de sua interlocutora. Entre revelações, ataques de raiva e lembranças do passado, mãe e filha trocam farpas e carinhos, graças aos ácidos diálogos de Porchat, vencedor do Festival de Novos Dramaturgos do CCBB em 2007 por este texto. Louise conheceu a peça pouco depois e conseguiu comprar os direitos em maio deste ano.
João Fonseca, amigo de Porchat, tinha sido a primeira pessoa a ler a peça e, inclusive, deu alguns conselhos e opiniões sobre seu desenvolvimento. Na época em que ainda procurava um texto, Louise encontrou o diretor e o convidou para dirigir sua próxima produção. O acaso fez com que ‘Velha é a Mãe’ chegasse às mãos da atriz e, quando ela avisou ao diretor que montaria a peça, o ciclo de coincidências se fechou. ‘Nós temos uma ligação com mãe também, ela vinha da ‘Mãe Coragem’ e eu ainda estou em cartaz com ‘Minha Mãe é uma Peça’’, brinca o diretor, se referindo ao último espetáculo protagonizado por Louise e ao bem-sucedido monólogo de Paulo Gustavo dirigido por ele.
A intimidade de atriz e diretor com o gênero vem de longe. Apesar de ter uma trajetória também marcada por textos mais densos, Louise se tornou conhecida nacionalmente por seu trabalho em comédias na televisão, em programas como ‘TV Pirata’ (1988-1989), e em espetáculos como ‘Fulaninha e Dona Coisa’, de Noemi Marinho, que rodou o Brasil por três anos, e ‘Salve Amizade’, de Flávio Marinho. Seu último trabalho cômico foi ‘Sylvia’, com direção de Aderbal Freire-Filho, em 2002. Em seguida, ela protagonizou ‘O Acidente’ (2003/2004), de Bosco Brasil, e ‘Mãe Coragem e Seus Filhos’ (2007/2008), de Bertolt Brecht, quando dividiu a e ao bem-sucedido monólogo de Paulo Gustavo dirigido por ele.
Também conhecido por transitar bem entre diversos gêneros dramáticos, João Fonseca dirigiu mais de vinte espetáculos na última década, que renderam seis indicações ao Prêmio Shell (‘A Falecida’, ‘Pão com Mortadela’, ‘Escravas do Amor’, ‘Édipo Unplugged’, ‘O Casamento do Pequeno Burguês’ e ‘Tudo no Timing’). O humor e o despojamento são heranças de seu trabalho com Antonio Abujamra e a companhia Os Fodidos Privilegiados, onde começou sua carreira como diretor.
No outro vértice deste triângulo, Fabio Porchat é outro exemplar de um trabalho tão diverso quanto volumoso. Aos 26 anos, Fábio já tem um currículo multifacetado, incluindo a direção de um clássico do teatro contemporâneo (‘Piquenique do Front’, de Fernando Arrabal, em 2006), o trabalho como ator de comédia (‘Infraturas’, ao lado de Paulo Gustavo) e autor de peças e programas de televisão. Há três anos, é uma das estrelas do sucesso ‘Comédia em Pé’, espetáculo de stand-up comedy que se mantém em cartaz por alguns teatros na cidade, às vezes simultaneamente.
‘Eu ri muito da primeira vez que li o texto, acho que tenho comédia na veia, na hora quis montar. Há anos venho procurando uma comédia brasileira contemporânea, um texto inédito e engraçado’, conta Louise.
Todo em tons de vermelho, o cenário de Nello Maresse ressalta o desespero da situação vivida pela protagonista. Descontrolada, ela quebra cinzeiros – o marido, fumante, foi embora mesmo – e objetos da casa. Encarregada de acalmar os ânimos, Alice (Ana Baird) faz o contraponto com a espevitada personagem de Louise. Psicóloga, discreta e solitária, ela sempre foi abafada pela forte personalidade da mãe. Mesmo assim, elas desenvolveram uma relação de afeto e cumplicidade.
As duas atrizes já ensaiam um encontro no palco faz tempo. Por uma outra coincidência, Ana tinha sido, quando criança, ‘filha’ de Louise no cinema, em ‘Parceiros da Aventura’ (1980), de José Medeiros. Trinta anos depois, elas retomam os mesmos papéis familiares. Conhecida pelo trabalho em musicais, Ana estará em cartaz, paralelamente, com o show ‘Chave de Cadeia’, divertido apanhado de canções sentimentais que ela encena em boates há dois anos.
Velha é a Mãe!
Texto de Fábio Porchat
Com Louise Cardoso e Ana Baird
Direção de João Fonseca
Cenário: Nello Marese
Figurinos: Rita Murtinho
Iluminação: Maneco Quinderé
Produção Executiva e Administração: Cristina Leite
Direção de Produção: Alessandra Reis
Dia: 02/07/2010 (sexta – feira)
Horário: 20 horas
Local: Teatro SESI Campos
Capacidade Limitada: 200 espectadores
Ingressos: R$ 15,00(inteira)
R$ 7,50 (Meia: Estudantes – idosos e sócios)
at.
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