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segunda-feira, 18 de maio de 2009

Diretor de mostra paralela de Cannes lamenta falta de longa brasileiro

Diretor de mostra paralela de Cannes lamenta falta de longa brasileiro
SILVANA ARANTESda Folha de S.Paulo
Folha - O sr. veio ao Brasil, mas não escolheu longas daqui. O que o decepcionou?
Olivier Père - Vi muitos filmes enquanto estive aí. Todos tinham qualidade e criatividade, mas nenhum foi consenso entre o comitê de seleção, que os achou muito frágeis ou inadequados a Cannes. É algo que lamento, porque vejo o Brasil como um país do futuro no cinema e queria consolidar isso selecionando um longa. Mas teremos "Superbarroco", um dos mais belos curtas que vi neste ano. Talvez eu buscasse nos longas algo assim, mais artístico.
Folha - Coppola disse que "Tetro" é o seu retorno às origens. O sr., que viu o filme, pode dizer em que sentido?
Père - É, sem dúvida, o filme mais pessoal de Coppola. Ele pensou de forma livre e fala de maneira extremamente pessoal sobre seu tema de sempre --a relação com o pai. Ao mesmo tempo, é um cineasta que concilia criação cinematográfica e uma história forte. Faz sentido a presença dele na Quinzena porque ele sempre lutou pela independência, criou seu estúdio e alcançou a liberdade de fazer esse filme com seu próprio dinheiro.
Folha - Mas Coppola diz que sua liberdade cinematográfica vem do fato de ter se tornado rico com a produção vinícola.
Père - É fato que a noção de liberdade dele passa pelo dinheiro, mas ele vê o cinema como uma forma de guerrilha, de resistência. Hoje, alguns conseguem resultados iguais com menos dinheiro. Há também uma questão geracional.
Folha - A direção do festival ofereceu a "Tetro" uma exibição hors-concours. É indício de que o filme é pessoal demais?
Père - Não acho que "Tetro" seja inacessível. Ele é magnífico na forma. Obviamente não é o Coppola de "Apocalipse Now" ou "O Poderoso Chefão". Ele é desses cineastas, como foi Kubrick, de quem esperamos sempre algo diferente do que estão dispostos a fazer. Mas "Tetro" é um grande momento do cinema. Estar fora de competição em Cannes é uma honra que ele não quis. Não quer ser considerado como o grande mestre. Com esse filme, sobretudo, preferia competir.
Folha - O sr. selecionou "I Love You, Phillip Morris", que tem o ator brasileiro Rodrigo Santoro e Jim Carrey. O que lhe agrada no filme?
Père - É um filme original, com uma história incrível, apesar de baseada em fatos reais, sobre esse personagem que não para de dar golpes e mudar de identidade e se apaixona por outro homem na prisão. É engraçado, ousa e tem uma performance extraordinária dos dois atores principais, Carrey e Ewan McGregor.
Folha - Há dez filmes de estreantes em longa na Quinzena. Há um traço comum? Para que direção eles apontam?
Père - Eles apontam para o surgimento de talentos surpreendentes, de partes diversas. O traço comum talvez seja a comédia e a maior porosidade entre cinema e outras artes, como a animação, o vídeo.
-- Ruy Jobim NetoCia. Mestremundo de Histórias(11) 9524-1968
jobimneto.ruy@ gmail.comhttp://mestremundo. blogspot. com

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