Diretor de mostra paralela de Cannes lamenta falta de longa brasileiro
SILVANA ARANTESda Folha de S.Paulo
Folha - O sr. veio ao Brasil, mas não escolheu longas daqui. O que o decepcionou?
Olivier Père - Vi muitos filmes enquanto estive aí. Todos tinham qualidade e criatividade, mas nenhum foi consenso entre o comitê de seleção, que os achou muito frágeis ou inadequados a Cannes. É algo que lamento, porque vejo o Brasil como um país do futuro no cinema e queria consolidar isso selecionando um longa. Mas teremos "Superbarroco", um dos mais belos curtas que vi neste ano. Talvez eu buscasse nos longas algo assim, mais artístico.
Folha - Coppola disse que "Tetro" é o seu retorno às origens. O sr., que viu o filme, pode dizer em que sentido?
Père - É, sem dúvida, o filme mais pessoal de Coppola. Ele pensou de forma livre e fala de maneira extremamente pessoal sobre seu tema de sempre --a relação com o pai. Ao mesmo tempo, é um cineasta que concilia criação cinematográfica e uma história forte. Faz sentido a presença dele na Quinzena porque ele sempre lutou pela independência, criou seu estúdio e alcançou a liberdade de fazer esse filme com seu próprio dinheiro.
Folha - Mas Coppola diz que sua liberdade cinematográfica vem do fato de ter se tornado rico com a produção vinícola.
Père - É fato que a noção de liberdade dele passa pelo dinheiro, mas ele vê o cinema como uma forma de guerrilha, de resistência. Hoje, alguns conseguem resultados iguais com menos dinheiro. Há também uma questão geracional.
Folha - A direção do festival ofereceu a "Tetro" uma exibição hors-concours. É indício de que o filme é pessoal demais?
Père - Não acho que "Tetro" seja inacessível. Ele é magnífico na forma. Obviamente não é o Coppola de "Apocalipse Now" ou "O Poderoso Chefão". Ele é desses cineastas, como foi Kubrick, de quem esperamos sempre algo diferente do que estão dispostos a fazer. Mas "Tetro" é um grande momento do cinema. Estar fora de competição em Cannes é uma honra que ele não quis. Não quer ser considerado como o grande mestre. Com esse filme, sobretudo, preferia competir.
Folha - O sr. selecionou "I Love You, Phillip Morris", que tem o ator brasileiro Rodrigo Santoro e Jim Carrey. O que lhe agrada no filme?
Père - É um filme original, com uma história incrível, apesar de baseada em fatos reais, sobre esse personagem que não para de dar golpes e mudar de identidade e se apaixona por outro homem na prisão. É engraçado, ousa e tem uma performance extraordinária dos dois atores principais, Carrey e Ewan McGregor.
Folha - Há dez filmes de estreantes em longa na Quinzena. Há um traço comum? Para que direção eles apontam?
Père - Eles apontam para o surgimento de talentos surpreendentes, de partes diversas. O traço comum talvez seja a comédia e a maior porosidade entre cinema e outras artes, como a animação, o vídeo.
-- Ruy Jobim NetoCia. Mestremundo de Histórias(11) 9524-1968jobimneto.ruy@ gmail.comhttp://mestremundo. blogspot. com
SILVANA ARANTESda Folha de S.Paulo
Folha - O sr. veio ao Brasil, mas não escolheu longas daqui. O que o decepcionou?
Olivier Père - Vi muitos filmes enquanto estive aí. Todos tinham qualidade e criatividade, mas nenhum foi consenso entre o comitê de seleção, que os achou muito frágeis ou inadequados a Cannes. É algo que lamento, porque vejo o Brasil como um país do futuro no cinema e queria consolidar isso selecionando um longa. Mas teremos "Superbarroco", um dos mais belos curtas que vi neste ano. Talvez eu buscasse nos longas algo assim, mais artístico.
Folha - Coppola disse que "Tetro" é o seu retorno às origens. O sr., que viu o filme, pode dizer em que sentido?
Père - É, sem dúvida, o filme mais pessoal de Coppola. Ele pensou de forma livre e fala de maneira extremamente pessoal sobre seu tema de sempre --a relação com o pai. Ao mesmo tempo, é um cineasta que concilia criação cinematográfica e uma história forte. Faz sentido a presença dele na Quinzena porque ele sempre lutou pela independência, criou seu estúdio e alcançou a liberdade de fazer esse filme com seu próprio dinheiro.
Folha - Mas Coppola diz que sua liberdade cinematográfica vem do fato de ter se tornado rico com a produção vinícola.
Père - É fato que a noção de liberdade dele passa pelo dinheiro, mas ele vê o cinema como uma forma de guerrilha, de resistência. Hoje, alguns conseguem resultados iguais com menos dinheiro. Há também uma questão geracional.
Folha - A direção do festival ofereceu a "Tetro" uma exibição hors-concours. É indício de que o filme é pessoal demais?
Père - Não acho que "Tetro" seja inacessível. Ele é magnífico na forma. Obviamente não é o Coppola de "Apocalipse Now" ou "O Poderoso Chefão". Ele é desses cineastas, como foi Kubrick, de quem esperamos sempre algo diferente do que estão dispostos a fazer. Mas "Tetro" é um grande momento do cinema. Estar fora de competição em Cannes é uma honra que ele não quis. Não quer ser considerado como o grande mestre. Com esse filme, sobretudo, preferia competir.
Folha - O sr. selecionou "I Love You, Phillip Morris", que tem o ator brasileiro Rodrigo Santoro e Jim Carrey. O que lhe agrada no filme?
Père - É um filme original, com uma história incrível, apesar de baseada em fatos reais, sobre esse personagem que não para de dar golpes e mudar de identidade e se apaixona por outro homem na prisão. É engraçado, ousa e tem uma performance extraordinária dos dois atores principais, Carrey e Ewan McGregor.
Folha - Há dez filmes de estreantes em longa na Quinzena. Há um traço comum? Para que direção eles apontam?
Père - Eles apontam para o surgimento de talentos surpreendentes, de partes diversas. O traço comum talvez seja a comédia e a maior porosidade entre cinema e outras artes, como a animação, o vídeo.
-- Ruy Jobim NetoCia. Mestremundo de Histórias(11) 9524-1968jobimneto.ruy@ gmail.comhttp://mestremundo. blogspot. com
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