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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

EXISTE CLASSE ARTISTICA ?

Existe, sim, classe artística, apesar de muitos profissionais, como passar dos anos, terem esquecido a consciência de classe. Tomadoao pé da letra, o título causa a sensação real dos caminhos danossa política cultural.
Teatro. Não existe uma política cultural no município e no Estado do Rio de Janeiro. Por isso, não temos como manter ovelho jargão “Rio, Capital da Cultura”. As montagens patrocinadassão produções que têm nos seus elencos atrizes ou atores deTV. O Ministério da Cultura e a Funarte sofreram, recentemente,ataques por produtores e alguns artistas, não pela classe no seu todo. A Lei Rouanet tem como

principal objetivo estimular a economia da cultura, proporcionando aos cidadãos maior acesso a ela.Mas não é esse o objetivo de alguns produtores, que, através do mecenato, conseguem montar espetáculos que estréiam pagos. Fazem temporadas de três sessões semanais, cobram preços inviáveis para o grande público e dizem, com desfaçatez, que “o público não vai mais ao teatro”, que“produzir hoje é quase inviável” e que “a meia-entrada acaba com as produções”. Mas não apresentam alternativas.Pergunta que não quer calar: a classe, através da sua função, que é fazer teatro, trabalhou nos últimos anos para formar públicos? Não, essa é a verdade. Estão confundindo teatro com atividade econômica pura e simples. O empresário visa ao lucro que vem logo na captação, não das bilheterias. Será que a razão de ser de um espetáculo não é mais o público? Se assim for, não precisamos mais fazer teatro, vamos ao entretenimento dos que podem pagar caro.Como forma de expressão, o teatro ainda é uma arte pública, fonte de conhecimento.Mas o que será do produtor e do grupo que pensam o teatro como ato político de cidadania e querem fazê-lo? Eles vão conseguir sobreviver? Eles não conseguem captar para produzir.O mais triste é que não se perspectivam horizontes alargados além das belezas naturais da nossa cidade. Estamos nos últimos instantes do atual governo municipal, que pouco fez pela cultura no município do Rio de Janeiro, e temos de cobrar dos responsáveis pela cultura no estado, que até hoje não apresentaram à classe artística e à população uma proposta consistente de política cultural. O que lemos e ouvimos de suas propostas
é de arrepiar.

E o cinema? E a Riofilme? Poucos eram os que conseguiam verba para uma produção. Está inoperante há tempos.

Sendo assim, chegamos a esse marasmo cultural em que a cidade — antes chamada de “Capital Cultural do Brasil” —, hoje, não passa de um balneário. Onde o turismo aos poucos vai diminuindo, por causa da violência, que tem como criadouros os órgãos públicos que não aplicam políticas públicas onde a cultura também é fator de excelência.E as outras manifestações artísticas, como o circo, também estão entregues ao “deus-dará”.E a classe artística, que todos os anos recebe jovens recém-formados, como fica? Vai continuar mendigando?Nós queremos, como profissionais e eleitores, alterar esse quadro. Queremos indicar nomes para as diversas instituições da cultura existentes no município e no Estado do Rio de Janeiro.Devíamos ser ouvidos quando da indicação do responsável da Funarj, pelo secretário de Cultura,o diretor do Museu de Imagem e Som, os responsáveis pelo Teatro Municipal e teatros do estado. Mas não somos.Vamos fazer uma política cultural para o povo do nosso estado? Uma política plural?Nós queremos e vamos mudar esse quadro atual?


*Ademir Ferreira é diretor de teatro, diretor de cinema e produtor. Diretor do Centro


de Informação e Documentação do Artista Negro (Cidan)


Já perdi a conta de quantas vezes ouvi, nos mais variados


lugares — botecos, teatros, festas, filas de banco, restaurantes e


reuniões familiares —, que o teatro paulista é mais pungente


que o teatro carioca. Desde que me entendo como artista, escuto,


quase diariamente, que “o público de São Paulo é maior” e


“São Paulo tem mais teatros que o Rio”.


Até aí, tudo bem. Nada mais óbvio. São Paulo tem o


dobro da população do Rio. Além disso, São Paulo é uma


cidade noturna. O Rio, com suas praias e dezenas de parques


públicos, é uma cidade diurna. Mas o problema é que


essa teoria depreciativa ganha volume com enunciados do


tipo: “O ator paulista é melhor que o ator carioca, porque o


ator paulista é sério e o ator carioca só pensa em fazer televisão”


e “o teatro paulista é melhor que o teatro carioca, porque


lá há grupos com trabalhos mais consistentes”.


Em primeiro lugar, nunca vi, nem conheço, um ator


iniciante, paulista ou de qualquer outro lugar do país, que


tenha recusado um trabalho na televisão. E com toda a razão!


Nossa televisão produz programas de qualidade e sempre in-


O teatro carioca e o teatro paulista


vestiu na teledramaturgia e no talento de profissionais brasileiros.


Sobre essa história de trabalhos mais consistentes... Bom,


todos nós sabemos da importância do teatro paulista: TBC,


Arena, Oficina, CPT, Ornitorrinco, Lume, Parlapatões, Teatro


da Vertigem, Os Fofos Encenam, Cia. do Latão, Paulo Autran,


Guarnieri, Plínio Marcos, Marcos Caruso, Juca de Oliveira,


Bosco Brasil e tantos outros.


Contudo, não podemos menosprezar o nosso teatro: os


teatros cariocas João Caetano, Martins Pena, Arthur Azevedo,


Procópio Ferreira, Teatro de Revista, Nelson Rodrigues,


Opinião, Asdrúbal Trouxe o Trombone, Teatro dos 7 e dos 4,


João Bethencourt, Fernanda Montenegro, Tapa, Mauro Rasi,


Miguel Falabella, Cia. dos Atores, Tá na Rua, Intrépida Trupe,


Nós do Morro, Cia. Deborah Colker, Aderbal Freire Filho e


muitos outros.


Portanto, viva o teatro carioca! Viva o teatro paulista!


Viva o teatro brasileiro!


*Henrique Tavares


*Henrique Tavares é autor e diretor de teatro


Existe


classe artística?


* Ademir Ferreira


*Ademir Ferreira é diretor e produtor cultural


do Centro de Informação e Documentação do Artista Negro (Cidan)


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