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segunda-feira, 15 de março de 2010

Análises Tardias do Oscar

Análises Tardias do Oscar      por Paulo Rogério B. Rocco


Por que “análises tardias”? Porque no instante em que digito este texto, tudo já se falou do Oscar deste ano, dos premiados, dos furos, da cerimônia incrivelmente chata e do maior “derrotado” do ano: aquele filme que arrecadou míseros 2,47 bilhões de dólares pelo mundo, conhecido por “Avatar”.

Então por que não foi eleito o melhor filme do ano? Talvez a chave esteja justamente na palavra “eleito”. Não são sempre os melhores que são eleitos. Eleição é escolha e a escolha parte, na maioria das vezes, do princípio pessoal em detrimento do profissional ou técnico.

A lista de predicados de “Avatar” é extensa: é o filme de maior custo da história da sétima arte; a maior bilheteria de todos os tempos; a revolução da terceira dimensão; o primeiro filme de James Cameron após “Titanic” e mais uma dúzia de características. Mas acima de tudo é o supra-sumo do entretenimento – um dos princípios básicos do cinema.


A saga dos habitantes de Pandora, dos invasores da lua e dos avatares é uma fantasia de amor, uma ode à beleza e à emoção, uma utopia universal. Então por qual motivo a Academia de Artes de Hollywood resolveu premiar um filme sobre a guerra do Iraque cuja realidade brutal exala em cada fotograma?

Difícil chegar a uma conclusão. Primeiro um fato: “Guerra ao Terror” é um bom filme, muito bem dirigido pela oscarizada Kathryn Bigelow, com cenas fortes e um suspense quase insuportável. Desacreditado, foi lançado no Brasil apenas em DVD há quase dez meses e com as premiações que recebeu pelo mundo afora, ganhou uma nova chance nos cinemas.

Em segundo lugar posso dizer que premiando este filme independente a Academia, formada por tradicionais profissionais da poderosa indústria cinematográfica, que muitas vezes podem também serem diretores de universidades de cinema, “incentivam” alunos, diretores, produtores, atores e técnicos estreantes a ingressarem em seus cursos para se aperfeiçoarem no cinema. Premiando o “deus” James Cameron e sua tecnologia anos-luz da média, eles estariam, talvez, afastando jovens talentos. Claro que posso estar redondamente enganado, mas esse também pode ser uma hipótese a ser considerada.

“Avatar” já tem seu lugar mais alto no patamar da história do cinema e creio que outro Oscar não faria muita diferença na estante de Cameron, que só por “Titanic” levou 11 prêmios. Mesmo assim a história dos Na’Vi ganhou os prêmios de Efeitos Visuais (óbvio), Direção de Arte (claro) e Fotografia (para as deslumbrantes paisagens de Pandora).

Agora deixando o filme da década de lado, vamos falar da cerimônia deste ano. Filme de guerra por filme de guerra, “Bastardos Inglórios” é melhor, em minha opinião, do que “Guerra do Terror”. Tarantino fez um trabalho mais interessante do que Bigelow e o seu roteiro deveria ter sido premiado no lugar do concorrente. Além disso, esse filme tem no elenco o premiado ator coadjuvante, Christoph Waltz, dando um show em cada cena.

Melhor Atriz Coadjuvante ficou para a comediante Mo'Nique por seu papel sério em “Preciosa”, um dos filmes mais intensos e dramáticos dos últimos tempos.

Para os prêmios de Ator e Atriz não houve surpresas: Jeff Bridges está excelente em “Coração Louco” e Sandra Bullock vira atriz para valer em “Um Sonho Possível”. Por falar em Bullock, ela também recebeu na véspera do Oscar o prêmio Framboesa de Ouro de Pior Atriz por “Maluca Paixão”.

Como Melhor Filme de Animação ganhou “Up”. No páreo também estava o ótimo “Coraline”, mas o filme da Disney é mais uma obra-prima do estúdio.

Como fã incondicional de Jornada nas Estrelas, fiquei feliz para o isolado prêmio de Melhor Maquiagem do novo “Star Trek”. As orelhas de Mr. Spock agradecem. Vida longa e próspera ao Mr. Golden Boy.

Para finalizar essas análises tardias do Oscar posso afirmar que no próximo ano dificilmente alguém vai se lembrar que filme ganhou este Oscar, mas na década toda, todo mundo vai saber quem perdeu.

Aliás, a cara de Tom Hanks ao abrir o envelope final refletiu o que a humanidade e toda a via láctea sentiram quando ele anunciou o vencedor.



And the winner is... Eu, por ter aguentado assistir a transmissão de metade do Oscar na Globo, ouvindo os comentários de José Wilker e Maria Beltrão. Foi mesmo uma guerra. Que terror

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