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quarta-feira, 31 de março de 2010

Uma aula de história

Uma aula de história

Estado de Minas - Walter Sebastião



“O Museu Imperial está fincado em Petrópolis, mas é do Brasil”, afirma o historiador Maurício Vicente Ferreira Júnior, de 47 anos, 26 deles como funcionário da instituição e, hoje, seu diretor. Instalando numa das mais conhecidas edificações do conjunto arquitetônico de seu tempo, o museu completa 70 anos nesta segunda-feira. Antes, a casa foi residência de verão de dom Pedro II, ocupada mais tarde por dois colégios e tombada pelo patrimônio em 1938. Comprada pelo presidente Getúlio Vargas, em 1939, foi finalmente transformada em museu em 1940. Abriu as portas definitivamente em 1943, mas com salas quase vazias. Atualmente, abriga acervo monumental sobre o Brasil império.



O aniversário do Museu Imperial, conta Ferreira Júnior, chega em momento que a instituição anda saudável. Foi eleito, em 2007, uma das sete maravilhas do Rio de Janeiro e está na lista das atrações cinco estrelas de um famoso guia brasileiro. Vai ganhar funcionários, está em andamento o processo de digitalização do acervo e acaba se concluído diagnóstico para conservação e restauração do prédio. Outro projeto, conta o diretor, é melhorar os equipamentos, para oferecer atendimento caprichado, de olho, inclusive, no público que chega com a Copa do Mundo e as Olimpíadas.



“O Museu Imperial é três em um. É prédio histórico, museu de história e de artes decorativas”, afirma Ferreira Júnior. A coleção tem 250 mil documentos, 55 mil livros e mais de 7 mil objetos. Recebe 340 mil visitantes por ano, número que o diretor gostaria de ampliar em 15%. Cerca de 70 mil são estudantes. “É público prioritário para nós. Nosso objetivo é formar cidadãos conscientes, éticos, que pensem a história não só como passado, mas como recurso que possibilita o futuro.”



Raridades

Em 1822, viajando em direção a Vila Rica, Minas Gerais, dom Pedro I hospedou-se na fazenda de padre Correia. Encantado com o clima ameno da região serrana do Rio, fez proposta para comprá-la. Como o proprietário recusou, ele adquiriu a Fazenda do Córrego Seco, em 1830. A crise política sucessória em Portugal acaba fazendo com que ele volte à terra natal, onde viria a morrer, e a fazenda acabou sendo herdada por dom Pedro II, que construiria no local sua residência favorita de verão. Um palácio neoclássico cuja construção teve início em 1845, sendo concluído em 1862.



A Proclamação da República, em 1889, fez com que a princesa Isabel alugasse o palácio ao Colégio Notre Dame de Sion. Mais tarde, o Colégio São Vicente de Paulo ocupou o prédio. A transformação do palácio em museu deve-se a um sonho de Alcindo Azevedo Sodré, prefeito de Petrópolis, que havia estudado no local. Com habilidade política, ele convenceu Getúlio Vargas da necessidade da empreitada, definida por decreto em 29 de março de 1940. A abertura ocorreu três anos depois, por ocasião do centenário da fundação de Petrópolis. Deve-se, também, a Alcindo Sodré a sugestão de formação de equipe para andar pelo Brasil pesquisando objetos e documentos importantes para compra ou doação ao museu.



Hoje, a coleção do Museu Imperial reúne objetos emblemáticos da história do Brasil. Coroas e cetros de dom Pedro I e dom Pedro II, assim como a pena que a princesa Isabel usou para assinar a Lei Áurea, “que foi a transição para a maioridade cívica do Brasil”, observa Ferreira Júnior. Realiza ainda projetos especiais, como concertos, sempre no último sábado de cada mês, além da programação do Festival de Inverno. “É nossa função preservar, estudar e divulgar o patrimônio do Brasil; ele nos dá identidade”, afirma Ferreira Júnior.



Essencial, na opinião do diretor é, primeiro, dedicar cerca de uma hora e 15 minutos ao Palácio Imperial. O motivo? “É uma viagem no tempo, em detalhes, por meio de objetos que são símbolos da monarquia”, justifica, argumentando que, nas exposições, pode-se conhecer, inclusive, o gosto do século 19. Outra atração, avisa, é o conjunto de jardins. “Diversidade igual só no Jardim Botânico. Tem espécies de todos os continentes”, conta, atribuindo o projeto ao francês Jean Batiste Binot, contratado por dom Pedro II para fazer o paisagismo do palácio.



Na internet

Quer saber mais sobre o museu? Então acesse www.museuimperial.gov.br



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