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sábado, 9 de junho de 2012

Nó de Cachorro estreia no Teatro Bibi Ferreira (São Paulo, SP)

Nó de Cachorro estreia no Teatro Bibi Ferreira (São Paulo, SP)


Nó-de-cachorro

peça une A Mandrágora e Memórias de Um Sargento de Milícias

O espetáculo Nó-de-Cachorro estreia dia 6 de agosto, sexta-feira, no Teatro Bibi Ferreira, às 21h30, com direção de Beto Bellini. O texto, assinado por Ivan Jaf, nasceu da idéia original de Nelson Xavier em unir a peça A Mandrágora, de Nicolau Maquiavel (Florença, 1469-1527) ao romance Memórias de Um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida (Rio de Janeiro, 1831-1861). Xavier não está presente somente na origem do montagem, ele também faz a supervisão de direção da comédia.

Nó-de-Cachorro, uma comédia de situação, conta a história de Leonardo Pataca, personagem principal de Memórias de Um Sargento de Milícias, que se passa por médico para resolver o problema de fertilidade do casal Ambrósio e Rosa, com o intuito de conquistar sua amada Rosa. Envolvendo o seu melhor amigo Tomás numa trama hilariante, Leonardo nos faz acompanhar as malandragens e suas conseqüências na formação do que chamamos “jeitinho brasileiro” de ser, remetendo ao enredo de A Mandrágora, onde esta sua aventura está inserida. Com um final surpreendente, a peça transita na época da chegada da corte portuguesa ao Brasil.

“Sempre achei excelente a ideia de Nelson Xavier em misturar A Mandrágora com Memórias de Um Sargento de Milícias, mas só depois de realmente começar a fazer isso descobri o quanto as duas histórias se encaixam”, comenta o autor Ivan Jaf. “As duas obras têm como protagonistas anti-heróis malandros que não respeitam o bem alheio nem a moral dominante e que, apesar disso, acabam por realizar seus desejos e escapar das autoridades. Isso coloca os dois textos como clássicos do gênero picaresco, embora surgidos em épocas e espaços tão distintos quanto a Itália renascentista e o Brasil do começo do século XIX”. Completa.

O livro Memórias de Um Sargento de Milícias apresenta uma sequencia de aventuras do jovem Leonardo Pataca pelas ruas do Rio de Janeiro, na época de D. João VI. A Mandrágora conta a história de Calímaco, que conhece e passa a desejar furiosamente Lucrécia, a jovem e linda esposa de um nobre, que não consegue ter filhos. Para conquistá-la, com a ajuda de um amigo trapaceiro e um padre sem escrúpulos, Calímaco finge ser médico e prescreve uma planta afrodisíaca para que Lucrécia engravide: mandrágora.

Ivan Jaf explica que “unindo as duas histórias numa só, a trama de A Mandrágora se transforma em mais uma das aventuras burlescas do anti-herói de Manuel Antônio de Almeida”. A história se passa, portanto, nos primeiros anos da Corte Portuguesa no Brasil, momento fundamental na formação do caráter do povo brasileiro. O enredo e a estrutura dramática são da obra de Maquiavel e as características do romance brasileiro estão na composição das personagens. Para o diretor Beto Bellini “o público vai observar por um ângulo cômico a conseqüência de uma colonização predatória; depois disto vem o divertimento, mesmo sendo o riso instrumento para nos fazer refletir”.

No texto de Maquiavel os personagens principais são Calímaco, o jovem sedutor; Nícia, o nobre; Lucrécia, esposa de Nícia; Ligúrio, o amigo trapaceiro de Calímaco; frei Timóteo; e Sóstrata, mãe de Lucrécia. Na peça Nó-de-cachorro Calímaco é Leonardo; Nícia é o Barão Ambrósio; Lucrécia é Rosa; Ligúrio é Tomás da Sé; frei Timóteo é frei Pimenta; e Sóstrata é Maria Regalada. E a mandrágora é o nosso nó-de-cachorro (planta afrodisíaca e estimulante, nativa das regiões de cerrado e pântano).

O autor, portanto, afirma que a peça e o livro não coincidem apenas no conteúdo satírico, picaresco, anticlerical, mas também nos personagens. O rico e arrogante Nícia de Maquiavel é personagem perfeito para ser associado a um nobre português chegando ao Brasil junto com D. João, em 1808. Calímaco é o próprio Leonardo, malandro voltado para os sentidos, o desejo. Ligúrio é um Tomás da Sé, trapaceiro, intrigante, preocupado com a ascensão social. Lucrécia é o retrato de uma reclusa esposa da época, temente a Deus. Sóstrata e Maria Regalada são matronas pragmáticas, aprenderam a conduzir e usar os homens. O frei Timóteo do Maquiavel é uma encarnação de todos os padres de moral duvidosa que aparecem no livro de Manuel Antônio de Almeida.

A encenação de Beto Bellini busca quebrar a rigidez do tradicional ao inserir elementos do pós-moderno à cenografia e ao figurino. O diretor explica que Nó-de-cachorro é uma comédia de costumes, mas com alusões à comédia dell’arte com pequenas passagens musicais. “Buscamos, desta forma, provocar uma maior aproximação com o público, que também não fica estático na cadeira; algumas cenas são realizadas fora do palco”, afirma o diretor.

Espetáculo: Nó-de-cachorro

Texto: Ivan Jaf

Direção: Beto Bellini

Ideia original e supervisão de direção: Nelson Xavier

Elenco: Marauê Carneiro (Tomás da Sé), Henrique Mello (Leonardo Pataca), Heitor Saraiva (Barão Ambrósio), Marba Goicochea (Rosa), Marcelo Jacob (Frei Pimenta) e Débora Graça (Maria Regalada).

Cenografia: Heron Medeiros

Direção de arte e figurino: Melissa Andrade

Coordenação de produção: Erika Barbosa

Produtora executiva: Giisa Guttervil

Ass. de produção e direção: Patricia Natally

Ass. de direção: Samira Lochter

Visagismo: Rafael Mendes

Programação visual: Danilo Amaral

Estréia: 6 de agosto – sexta-feira – às 21h30

Teatro Bibi Ferreira – Av. Brigadeiro Luís Antônio 931 – Bela Vista – Tel. 3104 1217

Temporada: sextas e sábados (21h30) e domingos (20 horas) – Até 29/08/10

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