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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Precious (Based on the novel Push by Sapphire)

Dizem que vai se chamar Preciosa e será distribuído pela Playarte. Vai precisar de todos os prêmios na promoção, porque é um filme difícil, perturbador, que ninguém vai ver para se divertir. Mas tem duas interpretações poderosas – mais que isso – e sensacionais, que podem ser premiadas.
Em primeiro lugar, Mo’nique, como a mãe da heroína, que é um dos personagens mais asquerosos que o cinema já mostrou. E que esta apresentadora/comediante faz com toda humanidade, sem cair no exagero ou caricatura, que era sua única chance diante da notável naturalidade da moça estreante de nome difícil: Gabourey Sidibe .O problema com esta que faz justamente a protagonista chamada Precious é que nunca sabemos quanto ela está interpretando a si mesma ou há algum trabalho de atriz (quem a viu na televisão americana em entrevistas diz que Gabby como é chamada, é uma moça feliz, ajustada, que não tem problemas em ser gorda, e não é nada agressiva).
Quem dirige o filme é o negro Lee Daniels, que pode ser que você conheça por outro trabalho muito interessante que saiu aqui em DVD: Matadores de Aluguel/Shadowboxer, 2005, um policial criativo que fez com Helen Mirren (que originalmente iria fazer o papel que sobrou para Mariah Carey, que aliás se sai muito bem, embora tenha ficado parecida com a cantora Martinha!) e Cuba Gooding Jr. (procure na locadora e dê uma olhada). Foi ele quem encontrou o livro original (ou seja, não é história real, mas um livro chamado “Push”, mudaram o nome para não confundir com o filme de ação contemporâneo que também leva este nome. Daí porque está tudo bem claro no subtítulo em inglês). Com um detalhe importante, o filme conseguiu o apoio de duas celebridades blacks: Oprah Winfrey e Tyler Perry (que os apresenta).

Mas nada te prepara para o impacto do filme, que foi revelado com três prêmios no Festival de Sundance (especial do júri, outro para Gabby) e caminha forte para fazer bonito no Oscar. Conta a história de uma adolescente de 16 anos negra e obesa do Harlem, que esta grávida pela segunda vez. Quem a estuprou foi seu próprio pai (e da primeira vez nasceu um deficiente mental que ela chama afetuosamente de Mongo!) . A mesma coisa neste segundo filho: foi o pai. E a mãe, em vez de defender a filha , se vira contra ela de todas as formas. Abusada e maltratada, a moça vai mal na escola mas consegue uma chance de conseguir aulas especiais (porque é boa em matemática) com uma professora mais dedicada (a bela Paula Patton, que depois se revela lésbica) e um grupo de outras garotas desajustadas de diversas origens (que serão suas primeiras amigas).

Quem narra a história é Precious, com bastante humor e pés no chão, porque sua vida não é nada fácil. Ainda mais quando nasce a outra criança e ela luta para conservá-la. Não vou contar muito, mas a sucessão de infelicidades não para por aí (e na primeira parte, o diretor dosa um pouco colocando cenas de sonho onde ela se imagina star e famosa, inclusive uma delas onde ela se imagina como La Ciociara/duas Mulheres, com Sophia Loren, justamente a história de uma mãe que ajuda a filha estuprada. Quando deixa de fazer isso, o filme perde um pouco de ritmo e criação). No final, uma seqüência aterradora com a mãe (Mo’nique dá show), outros problemas e um final esperançoso. Mesmo porque esse tipo de história é muito mais comum do que pensa e tocar no assunto tem dado modelos e esperança para muitas jovens pobres.

Não há dúvida que é uma história que precisa ser contada e Preciosa o faz de forma convincente e humana, muito bem realizada e interpretada (o filme tem outro cantor estreando também que é Lenny Kravitz, que funciona muito bem como um enfermeiro que fica amigo da heroína). Não sei se o Oscar teria coragem de premiar um filme tão independente e fora das normas. Mas chegar perto já é bom.





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