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segunda-feira, 15 de março de 2010

PRIMEIRAS CRITICAS DA ILHA DO MEDO


A Ilha do Medo (Shutter Island) EUA, 2010. Direção: Martin Scorsese. Roteiro: Laeta Kalodridis. Baseado em livro de Denis Lehane. Com Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Max Von Sydow, Bem Kingsley, Patricia Clarkson e Lack Earle Harley. WARNER.
Já está para estrear no Brasil, na próxima semana, este sucesso de bilheteria na carreira de Martin Scorsese. E tudo simplesmente porque o estúdio, espertamente, fez um trailer que dá a impressão de que se trata de um filme de terror, atraindo também os jovens adolescentes fãs do gênero. O resultado foi uma arrecadação de mais de U$ 60 milhões (R$ 110,4 milhões) e o fato de que eu assisti ao filme num domingo à noite, com sala cheia e ansiosa, que viu respeitosamente, escondendo suja decepção. Afinal, não há exatamente sustos nem momentos de pavor, apenas um clima de thriller, de desconforto e apreensão.
Achei o filme muito bem realizado, com todo o estilo e competência do diretor, que é dos últimos a se importar com detalhes, recriando o tom de film noir em pequenos detalhes, reflexos de luz nos chapéus, movimentos de carrinho com a câmera, utilização de uma trilha musical antiquada e retumbante, que, por vezes, compensa o suspense que falta na cena.
Valeria a pena ver de novo só para prestar mais atenção a esta verdadeira aula de cinema.

Por outro lado, por mais que ele se esforce, não tem como esconder os defeitos mais óbvios do entrecho, um roteiro de um dos co-produtores de Avatar, que conta uma história passada em 1954: dois delegados federais (DiCaprio e Ruffalo, ambos bem) enfrentam tempestade para chegar até uma prisão que fica isolada numa ilha e que funciona também como sanatório para doentes mentais.

Eles vêm atrás de um fugitivo que teria escapado do lugar, uma mulher que poderia ter se refugiado nos recifes (nadar seria impossível e há apenas uma condução por dia para o lugar). Logicamente, os doutores são europeus e sinistros, feitos pelos ilustres Von Sydow, dos filmes de Bergman e o Ghandi Kingsley.

Vou tentar ser o mais discreto possível, mas o fato é que depois de uns quarenta minutos, quando dão certas informações, já começamos a desconfiar da resolução, que para qualquer veterano de filmes de suspense recentes não será difícil matar.


Há também um excesso de flashbacks de cenas com DiCaprio liberando campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial que não levam a nada concreto. Eu lutei para não acreditar nessa resolução, mas chega um ponto em que fica óbvio demais, ou seja, adeus final surpresa. Não menciono as referências para não ser estragar prazeres.

Não adianta o DiCaprio se esforçar tanto, nem a narrativa ser estilosa, se a história não segura. Acredito que o boca a boca do filme vai ser negativo por causa disso. Este final você já viu antes e muitas vezes. E como sempre, a gente fica se perguntando: será que ninguém lê roteiros e vê que acaba sendo muito barulho para muito pouco?

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